14/05/07

Sonho Barragem

Alentejo que espreguiças na lonjura
Esse tédio dos teus dias sempre iguais,
Vives cantando oceanos de ternura
No verde-mar ondulante dos trigais.

Teus barros soltos gretados p'lo suão
São bocas a suplicar desesperadas,
Gitos inúteis que vão soltando em vão,
Mortas de sede, penando revoltadas.

Alentejo que até vais, por ironia,
Alternando num perpétuo desalento
Sonhos fartura vividos cada dia,
Com os prantos de securo e sofrimento.

Povoaram-te os teus sonhos de barragens,
Equívocos que já somam muitos anos,
Secam-te os olhos nas áridas paisagens,
Bebes promessas e choras desenganos.

Planície, que há muito esperas humilhada,
Ribeiras de água a cantar, dias a fio,
Ainda vais ter um dia uma alvorada
Onde o regato se muda em farto rio.

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