16/05/07

aparte 11

São de liberdade
As mãos
quando o poema escrevem
são crueldade
as mãos
se com pedras ferem
são de mel
As mãos
Quando carícias fazem
são como fel
as mãos
quando uma vida desfazem

São conchas
quando protegem
são seiva
se nos aquecem
são pétalas
se nos afagam
são rios
se em nós passeiam
são beijos
se incendeiam
são barcos
se em nós navegam
são margens
se a nós se estendem

São de liberdade
As mãos
quando o poema escrevem

1 comentário:

Maria Lisboa disse...

Mãos

Côncavas de ter
Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender


Sophia de Mello Breyner


Bem vinda!
Gostei muito dos teus "apartes"!

:)

Beijo